Juventude indígena do interior do Amazonas luta por garantia de direitos

III Encontro de Juventude Indígena em Tefé, Amazonas, foi marcado por debates essenciais sobre ações climáticas, fortalecimento das identidades e a luta pela terra.

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Juventude indígena do interior do Amazonas luta por garantia de direitos

III Encontro de Juventude Indígena no município de Tefé, Amazonas, traz pauta sobre ações climáticas, fortalecimento as identidades indígenas e a luta pela terra

Organizador do encontro, David Ramos, da etnia Kambeba. (Foto: Séffane Azevedo)

Com cartazes nas mãos com os dizeres: “Sempre estivemos aqui”, jovens marcharam pelas quatro aldeias remotas do interior do Amazonas, durante o III Encontro de Juventude Indígena, para reforçar a presença contínua e a resistência incansável. 

A frase emblemática não apenas confirma as conquistas alcançadas, mas também destaca a perseverança necessária diante dos desafios contínuos. “Precisamos nos fazer presente na luta, nos movimentos, pois somente assim conseguiremos efetuar mudanças”, declarou Raí Xavier de Oliveira, da aldeia Porto Praia de baixo, da etnia Kokama, em entrevista a Todo Canto Conteúdo, após uma palestra sobre atuação e vivência no movimento indígena.

O evento, realizado nos dias 17,18 e 19 de abril, marcou o mês dos Povos Originários. Com o tema “Fortalecendo o protagonismo e a participação na defesa e garantia de direitos no fortalecimento organizacional e cultural”, o evento ocorreu na aldeia Betel, Terra Indígena Barreira das Missões, no município de Tefé, Amazonas. Ao todo, pessoas de 15 aldeias e 5 etnias, sendo elas Tikuna, Kambeba, Kokama, Madija, Miranha -, e mais de 180 jovens.

Nayará Kambeba, organizadora do encontro, destacou que a juventude está na linha de frente dos movimentos indígenas. “Nosso objetivo é integrar essa juventude nos movimentos indígenas e capacitá-los para defender, resistir, combater o preconceito e reivindicar nossos direitos. Também visamos ensinar esses jovens a apoiar suas lideranças e seu povo”, disse.

O encontro ofereceu uma variedade de atividades, incluindo discussões em grupo, oficinas práticas e apresentações culturais. Além dos participantes locais, estiveram presentes representantes de projetos e instituições como os Jovens Protagonistas, Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Instituto Federal do Amazonas (IFAM), e da Universidade Estadual do Amazonas (UEA).

Da etnia kambeba da aldeia Jaquiri, situada no município de Uarini, Fernandez Tomé Cruz expressou esperança e fervor em diálogo com a Todo Canto Conteúdo, compartilhando sua jornada emocionante e inspiradora. Ele refletiu sobre as batalhas enfrentadas e os obstáculos superados para chegar aos dias atuais, em testemunho aos jovens, o que o faz assumir um papel fundamental no movimento indígena. “Eu venho da luta, desde o início da implantação do movimento no Médio Solimões, nos anos 80”, lembrou. Tomé também compartilhou que cresceu ao lado do seu pai, que participou ativamente da Constituinte, legado que o acompanha desde a adolescência, e que o fez ver inúmeros direitos serem conquistados ao longo dos anos.

Com orgulho, Tomé não só celebra as vitórias alcançadas, mas também seu papel fundamental na construção dos artigos 231, 232 e 233 da Constituição Federal, que tratam sobre os direitos indígenas, sobre suas terras e culturas.  Marcos que representam um ponto de virada significativo na trajetória do movimento indígena no Brasil.

“Hoje eu vivo a conquista”, disse Tomé com convicção. “Saúde, educação, formação continuada e terras demarcadas, tudo isso é fruto de muita luta”, completou. Palavras que deverão ecoar e inspirar futuras gerações a continuarem a luta pelos direitos e pelo progresso do movimento indígena.

Autoras

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Stéffane Azevedo

Sou jornalista e fotógrafa independente, com residência na cidade de Tefé, Amazonas. Tenho um documentário disponível na Globoplay, realizado em parceria com Canal Futura, Politize e Delibera, que aborda a realidade da população em situação de rua e o fenômeno do apagão eleitoral. Dedico meu trabalho à cobertura de temas como impactos socioambientais, violações de direitos humanos, questões envolvendo povos indígenas, direitos das mulheres e racismo ambiental. Além disso, estou atualmente realizando minha pós-graduação em Direitos Humanos no Contexto de Políticas Públicas pela PUC Minas.
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Stéffane Azevedo

Sou jornalista e fotógrafa independente, com residência na cidade de Tefé, Amazonas. Tenho um documentário disponível na Globoplay, realizado em parceria com Canal Futura, Politize e Delibera, que aborda a realidade da população em situação de rua e o fenômeno do apagão eleitoral. Dedico meu trabalho à cobertura de temas como impactos socioambientais, violações de direitos humanos, questões envolvendo povos indígenas, direitos das mulheres e racismo ambiental. Além disso, estou atualmente realizando minha pós-graduação em Direitos Humanos no Contexto de Políticas Públicas pela PUC Minas.

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